História de Divinópolis

Hino da Cidade de Divinópolis – MG
Cachoeira Grande no Rio Itapecerica
Cachoeira Grande no Rio Itapecerica

Bela Paisagem Natural

A cachoeira da Itapecerica (caminho de pedras na correnteza do rio, ita-pe-y-cerica, em língua tupi) foi uma movimentada passagem, no período inicial da abertura da Picada de Goiás (entre 1737 e 1744), pela qual transitaram em grandes números sertanistas, fazendeiros, padres e missionários, camaradas, índios, quilombolas, andarilhos e aventureiros, grupos de exploradores, contrabandistas, soldados e turistas, entre os mais assíduos.

Divinópolis foi fundada em 13 de janeiro de 1767, por cinqüenta famílias moradoras do sertão dos rios Itapecerica e Pará, lideradas pelo fazendeiro João Pimenta Ferreira, com o nome de Paragem da Itapecerica, para superar “o rigoroso trabalho de os selvagens pagãos”. Transformou-se no arraial do Espírito Santo da Itapecerica, em 24 de março de 1770, quando o sertanista Manoel Fernandes Teixeira fez uma doação de terras à igreja, destinadas a povoação.

Disputado Local Estratégico

A passagem da Itapecerica, conhecida por sua beleza e utilidade, foi palco de lutas e violentas disputas entre autoridades das Câmaras coloniais de Pitangui, São José del-Rey e Tamanduá, quando da divisão das terras do Oeste mineiro (Campo Grande). Era considerada um lugar estratégico em 1744, quando foi estabelecido o termo de São José del-Rey, e em 1789, quando se estabeleceu o termo da Vila de São Bento do Tamanduá. Desde sua fundação, até 1841, pertenceu ao município de Pitangui/ Comarca de Sabará, sendo um dos seus principais distritos. A partir desta data, foi anexado ao município de São bento Tamanduá até sua emancipação em 1911.

Ao apagar das luzes imperiais, o presidente da Província de Minas, Teófilo Otoni, incluiu na Lei Provincial 2.995, § 2o, de 19 de outubro de 1882, um dispositivo que mudava o nome de Tamanduá para Itapecerica, ficando Divinópolis identificada apenas com o nome de Espírito Santo.

Ferrovia e Emancipação

Em 30 de abril de 1890, sob a administração do presidente estadual João Pinheiro da Silva, Divinópolis teve inaugurada a Estação de Henrique Galvão (Estrada de Ferro Oeste de Minas/ EFOM), que lhe deu grande impulso civilizatório, criando condições para a emancipação.

Em 30 de agosto de 1911, o presidente estadual Júlio Bueno Brandão promulgou a Lei Provincial 556, incluindo o distrito do Espírito Santo com o nome de Vila Henrique Galvão no rol dos emancipados, coroando a luta do farmacêutico Pedro X Gontijo que, juntamente com o padre Matias Lobato, o advogado Francisco Ribeiro de Carvalho, o comerciante Antonio Olympio de Moraes e Francisco Machado Gontijo, trabalhava pela autonomia do distrito.

Em de junho de 1912, o município foi instalado oficialmente, e em 3 de setembro do mesmo ano (Lei 590, do presidente municipal Antônio Olympio de Moraes) mudou de nome para Vila Divinópolis, perpetuando a antiga denominação do Espírito Santo da Itapecerica.

Em 18 de setembro de 1915, sob o governo do presidente estadual Delfim Moreira, foi elevada à condição de cidade, e em 7 de setembro de 1923, pela Lei Estadual 843, do presidente estadual Raul Soares de Moura, foi-lhe anexado o território do distrito de Ermida de Campos, perfazendo seu atual contorno territorial.

Divinópolis por volta de 1930.
Divinópolis no entorno da Cachoeira Grande.

por Marcio Vilas Boas — publicado 13/09/2017 23h30, última modificação 20/07/2018 13h33

Praça da Matriz

Em 1737 foi construída uma capelinha em homenagem a São Francisco de Paula.

Em 1767 foi erguida a Igreja, tendo como padroeiros o Divino Espírito Santo e São Francisco de Paula.

Em 1770, Manuel Fernandes Teixeira, passa em Mariana, uma escritura de doação de “40 alqueires de terra e um lote de casas” à igreja do Divino Espírito Santo e São Francisco de Paula.

Em 1830, no dia 23 de maio, acontece um incêndio na Igreja Matriz.

Em 1834 terminou a reconstrução da Matriz.

Matriz erguida em 1834.

Em 1839 foi criado o distrito do Espírito Santo do Itapecerica pela Lei Provincial de n.138 de 03 de abril. Neste ano foi também criada a Paróquia.

Casarão do Capitão Domingos. Atual Museu Histórico de Divinópolis.
O GRIZU

Primeiro ônibus urbano (apelidado de Grizú) – 1925
“Auto-ônibus”
“Na próxima semana, será posto em serviço da praça um excelente auto-ônibus, destinado à condução de passageiros em nossa cidade.
O auto-ônibus terá seu itinerário delimitado, obedecendo a pontos fixos de embarque e desembarque. O trajeto será do Largo da Matriz até a Rua Goiás esquina com Av. 21 de Abril. As passagens custarão a insignificância 200$réis. O condutor será o Sr. Fagundes.
Pertence ao Dr. Lucas Penna, que importou o “chassis” através da Concessionária do Sr. Camilo Rinaldi. A carroceria com bancos de madeira foi confeccionada na Fábrica de Móveis e Carpintaria do competente Sr. José Gonçalves Minhava na Rua Goiás.
Será um grande melhoramento para a cidade e desejamos sucesso para a empresa.
( Jornal “A Estrella da Oeste” de 1º de novembro de 1925)
Observação: O “auto-ônibus” recebeu o apelido de “Grizú” porque em São João Del’Rey já havia um conhecido por esse nome.
Primeiro “auto-ônibus” foi o de Lucas Penna (vendido para José Barbosa de Cajuru)
Segundo “auto-ônibus” foi o Joaquim Correa ( vendido para Rafael Passos).
Foto do primeiro “auto-ônibus”:
O motorista Fagundes, Nene do Ataliba, Zeca Celestino, Dona Chiquinha, Pelego, Dorcelina, Saulo do Banco Mineiro, Lucas, Madalena com Romeu no colo, Dona Cabrinha, Sérgia com Zezinho no colo e Geraldo Cruz.

Salete Michelini, 20/05/2020, Memórias de Divinópolis

Concentração na praça para o desfile de 7 de Setembro em 1947.
O grupo escolar Dona Antônia Valadares passou a funcionar neste prédio a partir do segundo semestre de 44, após a mudança da Escola Normal Mário Casassanta para a Rua Rio de Janeiro (hoje Instituto).
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Vacinação na Escola Estadual Monsenhor Domingos Evangelista Pinheiro (atualmente, Museu Histórico de Divinópolis) em 1974 na Praça Dom Cristiano, Na porta da escola o então prefeito Antônio Martins Guimarães.

vacina de revólver
Fila da vacina
Pintando o teto da Catedral. Foto original dolorida.
Catedral

Rede Ferroviária

1 – Implantação da linha do sertao

As primeiras ferrovias surgiram na Inglaterra por volta de 1925.

No Brasil, em 1855 o governo imperial organizou a Companhia de Estrada de Ferro D. Pedro II que tinha como objetivo conectar por ferrovia o Rio de Janeiro com todas as regiões do país.

Estação da Estrada de Ferro Central do Brasil no Rio de Janeiro.

Em 1877 a Estrada de Ferro Dom Pedro II chegou a Sítio um pequeno povoado no município de Barbacena, província de Minas agerais, á 100 Km de São João del-Rei.

As relações comerciais do Oeste de Minas com o Rio de Janeiro tinha como entreposto a cidade de São João del-Rei. E estando está cidade próxima da E.F. Dom Pedro II a elite são-joanense empreendeu-se na implementação de um ramal ferroviário que percorresse o Oeste de Minas visando incrementar as atividades comerciais da região.

Com o interesse do governo imperial de ligar o Rio de Janeiro ao interior do Brasil os comerciantes de São João Del-Rei projetaram o “Ramal do Paraopeba” que passaria por Bom Sucesso, Oliveira, Carmo da Mata, Tamanduá (hoje Itapecerica) e Pitangui, cidades com prestígio político na época. O ramal chegaria até Rio São Francisco em sua parte navegável: Barra do Paraopeba, hoje barragem Três Marias.

Estação Ferroviária de Sítio em 1880.

Em 28/08/1881 o Ramal do Paraopeba foi oficialmente inaugurado por Dom Pedro II e sua comitiva em um trem puxado pela locomotiva a vapor nº 1 que percorreu o trecho até então construído: de Sítio até São João del-Rei, sede da EFOM. Começava a funcionar a primeira ferrovia com sede em Minas Gerais.

Antiga sede da EFOM em São João del-Rei.
A locomotiva nº 1 no Museu Ferroviário de São João del-Rei.

Em 1887, continuando a implantação do Ramal do Paraopeba, foi construída a Estação de Aureliano Mourão dentro do município de Bom Sucesso. Nesta estação foi feita uma bifurcação: uma linha saia em direção à Lavras nas margens do Rio Grande, e outra linha seguia para o norte destino ao Rio São Francisco.

Em 15/11/1889, com a Proclamação da República, a Estrada de Ferro Dom Pedro II passou a ser denominada Estrada de Ferro Central do Brasil.

Com o prolongamento do Ramal do Paraopeba a partir de Oliveira o pequeno arraial Espírito Santo do Itapecerica ( Vila Divinópolis, a partir de 1912 ) tornou-se ponto de passagem da ferrovia imposto pelo Rio Itapecerica em seu curso natural. E em 1890 a Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM) contruíu neste arraial a Estação Henrique Galvão bem no final da Rua do Comércio, a principal rua do povoado.

Primeira Estação Henrique Galvão no arraial Espírito Santo do Itapecerica.

Depois desta estação e seguindo às margens do Rio Pará a ferrovia chegou ao Rio São Francisco e à sua última estação, Paraopeba, em 1894.

Estação Ferroviária Paraopeba. Atualmente este local está debaixo das águas da Represa de Três Marias construída em 1961.

Como foi construído em bitola estreita (76 cm entre os trilho) e seguia para região chamada de sertão este ramal ficou sendo popularmente chamado de “bitolinha do sertão”.

Traçado do Ramal do Paraopeba. A linha principal tinha 602 Km.

Em 1903, com pouco mais de 20 anos de atividade, a EFOM já estava afundada em dividas e o governo federal teve que socorrer tomando posse da empresa. Com a federalização o nome da empresa continuou EFOM e a sede permaneceu em São João del-Rei até 1920. Neste ano foi transferida para a capital mineira.

2 – Instalação da linha BH-Triângulo e oficinas ferroviárias

Em 1909 os líderes do arraial Espírito Santo do Itapecerica reinvindicaram para a Estação Henrique Galvão o entroncamento na ferrovia da integração BH-Triângulo.

Inauguração da ferrovia BH- Estação Henrique Galvão

E em 1910 começou a construção das oficinas ferroviárias no arraial Espírito Santo do Itapecerica para atender as demandas desta nova ferrovia.

Iniciou-se então a partir daí um período de grande prosperidade no local. Não apenas pelo fato de ser atendido pela nova ferrovia mas principalmente por sediar as oficinas da empresa que empregava muitos trabalhadores.

Em 1911 o arraial Espírito Santo do Itapecerica teve o nome alterado para Henrique Galvão considerando a importância da estação na identificação do lugarejo.

Rua do Comércio em 1911. Esta era a principal rua de Henrique Galvão. No alto da foto aparece o telhado e a torre (única) da Igreja Matriz.
Cartão de visita do comerciante Sylvio Michelini. Endereço: Henrique Galvão.

Com a instalação da Câmara em 1º de junho de 1912 Henrique Galvão foi oficialmente emancipado desmembrando-se de Itapecerica. 

Primeira Câmara Municipal. Antônio Olympio de Moraes (no centro da foto) foi eleito presidente da câmara. O presidente da câmara tinha as funções de prefeito.

Em 3 setembro de 1912, por lei estadual, o nome da Vila Henrique Galvão foi alterado para Vila Divinópolis. A estação ferroviária passou a ser então Estação Ferroviária de Divinópolis.

Em 1913 foi aberta uma nova estação na linha do sertão perto do Ribeirão do Choro que recebeu o nome de Henrique Galvão mantendo assim a homenagem ao engenheiro da ferrovia encarregado pelo prolongamento do Ramal do Paraopeba a partir de Oliveira.

Dr. Henrique Galvão

Em 18 de setembro de 1915 a Vila Divinópolis foi elevada à condição de cidade.

A nova plataforma de embarque/desembarque construída em Divinópolis.
Em 1916 foi inaugurada a nova sede da Estação Ferroviária de Divinópolis.

Em 1916 as novas oficinas da ferrovia começaram a operar.
Oficinas da ferrovia em 1916
Em 1917 uma pequena usina hidrelétrica foi construída pela Estrada de Ferro Oeste de Minas EFOM no Rio Itapecerica aproveitando das águas represadas pela Cachoeira Grande (Ponte do Niteroi) para fornecimento de energia elétrica para as oficinas da ferrovia.

Ferroviários das novas oficinas em 1917.

1917 – A EFOM “adquire novas instalações para as Oficinas da estrada de Ferro – construída em terrenos adquiridos pela empresa. Nessa área foram também construídas as casas para trabalhadores, dando assim origem a Vila dos Ferroviários; hoje, bairro Esplanada. Em Divinópolis foram ampliadas as ofertas de emprego, atraindo um enorme contingente de mão de obra; aumentando a população urbana, que por sua vez, ativou o mercado de consumo. Os estabelecimentos comerciais se ampliaram e diversificaram para atender a novas demandas dinamizando assim, a economia local. As Oficinas em Divinópolis foram chamadas pelos ferroviários de Casa dos Milagres“.(transcrito de BlogDurok-Capítulos que a vida inspira)

Em 1922 foi construida no Bairro Esplanada a estação Assis Ribeiro.
Dr. Roberto Carneiro (Diretor Superintendente da Rede) discursando para os funcionários da Rede Mineira de Viação no pátio da ferrovia. Vê-se ao fundo a Estação Assis Ribeiro.
Fica pronta a ponte metálica, de 50 metros, da RMV.
Casa da Estrada e residência do chefe das oficinas de Divinópolis/
Casas da RMV no Bairro Esplanada
Maria Fumaça saíndo da Estação Aureliano Mourão em 1925
Filme de Igino Bonfioli da década de 1920

Em 1931 o governo federal arrendou a EFOM para o estado de Minas Gerais que criou a Rede Mineira de Viação (RMV).

Em 1932 o Governo do Estado construiu a Usina do Gravatá para extração de álcool combustível a partir da mandioca. A ferrovia era usada para o escoamento da produção.
Bitolinha do Sertão vista do telhado da Usina do Gravatá seguindo em direção a estação Velho da Taipa de onde saia o ramal sobre o Rio Pará para Pitangui.
Greve dos funcionários da Rede Mineira de Viação (RMV), no ano de 1934. Durante a greve muitos operários da RMV fugiam e se escondiam no mato para não serem presos. solidário com a luta dos operários Halim Souki levava alimentos para eles. Na foto podem ser observadas as mantas e redes nos ombros . Era inverno, 21/06/1934.

Nas primeiras décadas de 1900 a nova cidade Divinópolis cresceu em torno da estação ferroviária.

Praça da Estação com os jardins em 1939
Oficina da rede ferroviária federal – locomotiva 340. Construída em 1941 pela equipe de João Morato de Faria com sucata de outras locomotivas. Rodou até 1965 na linha de bitola métrica quando a RFFSA decidiu aposentar suas locomotivas a Vapor. Está exposta na Estação Assis Ribeiro, Praça dos Ferroviários.
Estação Ferroviária por volta de 1950. Ao fundo vemos o Bairro Porto Velho que já estava ligado ao centro pelo viaduto

Em 1953 foi eletrificada a linha Belo Horizonte -Divinópolis para a operação das locomotivas elétricas com energia gerada pela Usina do Gafanhoto. Más em 1982 foi tirada a eletrificação das linhas ferroviárias. Ficou constatado que as locomotivas a diesel são mais produtivas e têm manutenção mais econômica.

Composição de bonde que conduzia os ferroviários das oficinas até a ponte do Niterói

Em 1953 Juscelino Kubitschek devolveu a RMV à União. Jucelino Kubitschek pretendia ampliar a malha rodoviária para transporte de cargas e atrair empresas internacionais do ramo automobilístico.

Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas. Colorização de Reinaldo Elias.

Em 1957 foi criada a estatal Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) para sanear o sistema ferroviário nacional cujos déficits já representavam 14% da receita tributária da União.

Trabalhadores das oficinas da Rede no ano de 1964.
Plataforma de embarque da estação de Divinópolis.Recepção Dr. Márcio Maia – entrega do projeto do viaduto do Esplanada. Administração: Aristides Salgado..
Plataforma de embarque da estação de Divinópolis.Recepção Dr. Márcio Maia – entrega do projeto do viaduto do Esplanada. Administração: Aristides Salgado.
Trem de passageiros na Estação de Divinopolis com a linha eletrificada.
Armazém dos ferroviarios na Rua Pernambuco.
O ferroviário José Gomes Viana, à direita, com um colega fazendo testes com a máquina (elevador) criada por ele para manutenção de vagões na oficina da Rede Mineira de Viação.
Data: 16/02/1965

3 – O fim do trem do sertão

Em 1964 começou o regime militar que priorizou os transportes rodoviários em detrimento dos transportes ferroviários e fluviais.

Em 1964 a RFFSA começou a desativar as ferrovias deficitárias do Brasil.

Em 1965 toda a extensão da bitolinha do sertão a partir da Estação Aureliano Mourão foi eliminada. Também neste ano foram aposentadas as locomotivas a vapor nas linhas de bitola métrica.

Para manter a conexão de BH com Lavras os trechos de Divinópolis-Aureliano Mourão e Aureliano Mourão- Lavras foram modificados para bitola métrica e passaram a compor o ramal Divinópolis-Lavras usado por trens cargueiros. Este trecho foi oficialmente inaugurado em 05/11/1965 na Praça da Estação com a presença do Ministro da Viação.

Locomotiva no ramal Divinópolis-Lavras. Trecho da antiga “linha do sertão”.

Mesmo sob protestos da população, Pitangui ficou sem o Ramal do Paraopeba em 1965 e sem o Ramal Paracatu em 1968. Atualmente a estação Ferroviária está servindo como biblioteca.

Maria Fumaça em Divinópolis na década de 70
Trem do Sertão no Pontilhão do Inferno. Foto de 1975. Mesmo com a redução da linha o termo “sertão” permaneceu. Quando o trem partia para Aureliano Mourão se dizia que o trem estava indo pro sertão.
Somente em alguns locais a linha Divinopolis-Lavras coincide com a antiga bitolinha. E em Aureliano Mourão ela nao passa pela antiga estação. Então como a bitolinha continuou funcionando no seu trecho inicial de Antônio Carlos a Aureliano Mourão foi construido um pequeno ramal na linha da bitolinha ligando esta com a Linha Divinopolis-Passos para baldeamento de cargas. O local de encontro era chamado Posto PBA.. Foto: Herbert Graf.

No dia 30/03/1979 foi inaugurada a Praça do Ferroviários no Bairro Esplanada.

Obras de melhoramento na Praça dos Ferroviários. Na praça permanece em exposição a antiga Estação Assis Ribeiro e a Maria Fumaça 340 ( a segunda locomotiva fabricada nas oficinas de Divinópolis). Nota: A Estação Assis Ribeiro era parte da bitolinha do sertão (76 cm) enquanto a locomotiva 340 é de bitola métrica, funcionava na linha de Belo Horizonte e não passava pela Assis Ribeiro.
Praça dos Ferroviarios em 06/11/1988.

Até início da década de 1980, o trecho de 200 Km entre Antônio Carlos e Bom Sucesso (Posto PBA) possuíam como principal atividade o transporte de calcário e de cimento para atender a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Com a finalização das obras da usina esta linha férrea entrou no programa de erradicação de ramais anti-econômicos

Em 1981 foi desativado o trecho que restava da bitolinha. E em 1984 foi eliminado com a retirada dos trilhos de Antônio Carlos a Aureliano Mourão.

Manifestação em São João del-Rei pela manutenção da ferrovia, em frente ao prédio que foi sede da EFOM até 1920.
Manifesto em 1992 em Tiradentes contra a retirada da linha até São João del-Rei. Acervo: Instituto Histórico Tiradentes.

Devido a intervenção da sociedade o trecho de 12 Km entre Tiradentes e São João del-Rei foi mantido e continuou em operação para fins turísticos preservando a história da bitolinha..

Locomotiva a vapor na Estação de Tiradentes.

Em 1988 o prédio da Estação Ferroviária de Divinópolis foi tombado pelo município e atualmente é cedido para eventos culturais.

Estação Ferroviária de Divinópolis

Em 1992  a RFFSA foi incluída no Programa Nacional de Desestatização.

Em 1996 a Ferrovia Centro Atlântica S/A (FCA) obteve a concessão das ferrovias de Minas Gerais.

Oficina da VLI em Divinópolis.

Em 2010 a empresa de logística da Vale VLI passou a administrar o transporte ferroviário da FCA.

O pontilhão sobre o Rio Itapecerica está entre os bens tombados pelo Executivo Municipal em 01/11/2019.

Anexo “O Trem da História”

O Trem da História

A primeira estrada de ferro foi construída na Inglaterra entre Manchester a Liverpool, logo após a invenção da locomotiva a vapor “Rockett”, por Stephenson, em 1825. Rapidamente a inovação se difundiu chegando à França, Bélgica, Alemanha e Estados Unidos.

No Brasil, a inovação também chegou rapidamente. A viação férrea brasileira foi iniciada nos meados do séc. XIX com a construção da Estrada de Ferro Mauá. Era construída por um pequeno trecho de quatorze quilômetros de ferrovia de tração a vapor que ia do litoral do Rio de Janeiro até o início da Serra da Estrela, ou seja, de Petrópolis. Quem promoveu esta construção foi o Barão de Mauá – Irineu Evangelista de Sousa, com seus próprios recursos, inaugurada em 30 de abril de 1854. Um pouco mais tarde, foi construída a Estrada de Ferro D. Pedro II, posteriormente chamada Estrada de Ferro Central do Brasil, passando pela Serra do Mar, ligando o Rio de Janeiro às capitais de São Paulo e Minas.

A penetração da Estrada de Ferro D. Pedro Il em Minas Gerais estimulou a construção de outras ferrovias de variadas extensões, ligando localidades do interior. As principais foram a Estrada de Ferro Oeste de Minas – EFOM e a Rede Sul Mineira.
A construção da Estrada de Ferro Oeste de Minas – EFOM foi decidida pelo Governo Imperial. Esta estrada deveria ter bitola estreita devido ao seu menor custo de construção e iniciar-se na Estação de Sítio, nas vertentes do Rio das Mortes, onde seria feito o entroncamento com a Estrada de Ferro D. Pedro II. Seria uma ramificação ferroviária para abranger o oeste mineiro. A bitola da estrada sendo de 76 cm tornaria a linha férrea mais econômica e portanto mais lucrativa, numa região onde o tráfego de passageiros e de carga não era previsto como de grande volume. A EFOM foi então criada pela Lei nº 1914 de 19 de setembro de 1872 e sua construção deu se a partir de 1878, após a organização de uma sociedade anônima denominada Companhia Estrada de Ferro Oeste de Minas. Em 30 de setembro de 1880 foi aberto ao tráfego o primeiro trecho da “bitolinha 76”, como passou a ser chamada, indo do povoado de Sítio, hoje cidade de Antônio Carlos, até Barroso, com 49 Km de extensão. A inauguração do trecho até São João del-Rei, com 100 kms de extensão, construído em três anos, ocorreu no dia 28 de agosto de 1881. Entre 1886 e 1888 foram construídas as linhas entre São João del-Rei, Aureliano Mourão e Oliveira. A Lei Provincial nº 3648 de 1º de setembro de 1888 autorizou o Governo Mineiro conceder à EFOM a construção do prolongamento da linha entre Oliveira e Barra do Paraopeba, no alto São Francisco e um ramal para Itapecerica. Em abril de 1889 foram inauguradas as estações de Lavras e Oliveira. A partir daí o ramal ferroviário “bitolinha 76” foi estendido até ao Distrito do Espírito Santo do Itapecerica, em 1890. Neste ano foi inaugurada a Estação Henrique Galvão, nome pelo qual ficou conhecido o povoado do Espírito Santo do Itapecerica, hoje cidade de Divinópolis. A ferrovia, além de estimular o comércio e a produção agrícola, possibilitou o transporte de pessoas e cargas e a valorização dos terrenos por onde passou.
A ramificação da ferrovia, no centro-oeste mineiro, no final do séc. XIX, condicionou de forma predominante o seu desenvolvimento econômico-social e político-ideologico. As relações paternalistas de trabalho vigorantes até o início do séc. XX cederam lugar às relações contratuais, o que representava um avanço para o trabalhador porque assim se transformava em um sujeito detentor de direitos. Em decorrência disto é que foi possível o desencadeamento da força de reação do trabalhador ferroviário. Os efeitos da ramificação ferroviária se fizeram sentir principalmente em Divinópolis, local de entroncamento de várias vias férreas e onde se concentravam inúmeras atividades ferroviárias. No início do séc. XX foram instaladas nesta cidade as Oficinas, um Depósito e a Estação passou a ter um movimento cada vez maior de carga e passageiros. As Oficinas foram instaladas a partir de 1914, para a fabricação de peças e equipamentos necessários ao funcionamento da via férrea. Além disso se encarregavam do conserto e reparação maiores nas locomotivas e vagões de toda a ferrovia. O Depósito fazia a reparação e consertos menores das locomotivas e vagões em tráfego. As Oficinas funcionavam em um barracão, na antiga estação, sendo transferidas depois, em 1917, para suas novas instalações, construídas em terreno adquirido pela Empresa. Nessa área foram também construídas as casas para os trabalhadores, dando assim origem ao Bairro Esplanada. Estas atividades ampliaram significativamente a oferta de emprego, atraindo para Divinópolis um grande contingente de mão-de-obra. A transferência de inúmeras famílias para esta cidade aumentou sua população urbana e ativou seu mercado de consumo. Os estabelecimentos comerciais se ampliaram e se diversificaram para atender à nova demanda dinamizando a economia local. As Oficinas de Divinópolis foram chamadas apropriadamente de “Casa de Milagres” pelos ferroviários, conseguindo manter as locomotivas e vagões em movimento, mesmo com a precariedade de fornecimento de materiais para reposição e fabricação de peças. A possibilidade de inventar recursos e saídas para os problemas tornavam o trabalho, apesar de penoso, muito envolvente pois, o trabalhador ferroviário poderia criar e reconhecer no seu trabalho, o seu próprio valor.
O trabalho na Rede Ferroviária significou uma possibilidade de avanço para o homem do centro-oeste mineiro. Apesar de suas inúmeras dificuldades o trabalho na ferrovia trazia para o ferroviário importância social, um “status quo” do qual se orgulhava. A Estação Ferroviária era a atração maior da cidade, principalmente nos momentos de chegada e partida dos trens. Era um ponto de encontro da população. Os cidadãos mais prestigiados eram os que ocupavam cargos importantes na Rede Ferroviária. O comércio local dependia fundamentalmente do consumo dos ferroviários, sofrendo diretamente os efeitos dos constantes atrasos de pagamentos. O funcionamento das relações de trabalho na Empresa Ferroviária e os problemas daí decorrentes, tais como o atraso de pagamento, condições precárias de trabalho, capacidade de absorção da mão-de-obra, etc, repercutiam e envolviam toda a vida da cidade. Daí se entende o apoio de políticos, comerciantes e intelectuais locais aos movimentos reivindicatórios dos ferroviários.

As greves dos ferroviários, no centro-oeste mineiro, ocorreram ao longo do período de existência da Rede Mineira de Viação, até por volta da década de sessenta. A fase em que as greves dos ferroviários foram mais freqüentes. corresponde ao período de administração do Governador Milton Campos, quando a RMV caiu em uma situação de profunda precariedade, marcada por déficits financeiros, desmandos administrativos, salários atrasados durante meses, falta de produtos básicos nos armazéns da cooperativa, etc. O poder público municipal reconhecia a importância política e econômica dos ferroviários na cidade e lideranças políticas locais chegavam a se responsabilizarem pelos movimentos grevistas. Reivindicavam o pagamento dos salários atrasados, abastecimento dos armazéns da cooperativa e a transferência da RMV para o Governo Federal. A participação das mulheres dos ferroviários foi constante e em várias greves chegou a ser decisiva assumindo a frente dos movimentos paredistas. Assim como a família do ferroviário estava envolvida nas relações de trabalho, sofrendo seus efeitos, também nos momentos de greve ela não só participava da contestação como influía decisivamente nos seu resultados. Junto com seus filhos ocupavam a estação e outros pontos, enfrentando soldados e suas armas, fazendo passeatas pelas ruas da cidade cantando o Hino Nacional enroladas na Bandeira Nacional. Levavam comida para os que estavam escondidos, solicitavam o apoio do comércio, faziam piquetes, retiravam do trabalho quem não aderisse ao movimento ameaçando vestir-lhes saia. Os grevistas paralisavam os trens deitando-se ou passando sabão sobre os trilhos, e quando o trem parava, ocupavam a locomotiva e retiravam sua equipagem. Descarregavam a caldeira da locomotiva, escondiam ferramentas, peças e os maquinistas formavam acampamentos em cima da linha férrea.

Recorte de jornal da época mostrando a participação das mulheres nos movimentos paredistas da Rede. Esta foto não faz parte do documento original, foi incluída na data desta postagem.

No início da década de sessenta as greves ferroviárias foram diminuindo até desaparecerem. A RMV havia voltado ao controle do Governo Federal e o pagamento dos salários foi regularizado. Com a remodelação da RFFSA ocorrida no início da década de setenta, os ferroviários mais antigos foram desviados de função, remanejados para outros setores, afastados para tratamento de saúde ou aposentados. Nos seus lugares foram contratados novos funcionários.

Os ferroviários, principalmente do ciclo da “Maria Fumaça”, no centro-oeste mineiro, dedicaram sua vida ao trabalho na ferrovia, e com empenho e responsabilidade, ajudaram a construir a história de Divinópolis e a expandir o movimento operário brasileiro através de sua lutas.

Batistina Maria de Souza Corgozinho

Fonte: CORGOZINHO, Batistina M. Sousa. Pelos Caminhos da Maria Fumaça: o trabalhador ferroviário – formação e resistência pelo trabalho. Belo Horizonte, FAE/UFMG, 1989

Tese (mestrado) – UFMG-Ciências Socias aplicadas à Educação.

Colégio Seráfico e Santuário de Santo Antônio.

Em 1924 o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte ofereceu a condução da Paróquia do Divino Espírito Santo de Divinópolis à Ordem dos Frades Menores e Frei Hilário Verhey ( o primeiro vigário franciscano da Paróquia ) passou a residir no casarão da praça da Matriz (hoje Museu Histórico).

Neste mesmo ano a Municipalidade doou o terreno para a construção do Colégio Seráfico, Igreja matriz da Paróquia de Santo  Antônio,  e a casa paroquial (Lei nª. 140).

Frei Hilário Verhey

Colégio Seráfico no Casarão do Largo da Matriz. Nesta foto de 1925 vemos os padres e os primeiros seminaristas.
A construção do Convento de Santo Antônio foi iniciada em 20 de agosto de 1924 e o colégio foi inaugurado no dia 19 de janeiro de 1925. O convento (chamado Colégio dos Padres) foi construído na Avenida 21 de Abril, esquina com a rua Minas Gerais. Na época esta área era um grande matagal.
Pátio interno do convento.

Alunos de armas em punho para a faxina nas camas do colégio.

Alunos do Colégio Seráfico ( dentre eles, Antônio Álvares da Silva – Frei Orlando).

Antônio Álvares da Silva que viria a ser formado com o nome de Frei Orlando. Como capelão foi morto aos 32 anos por um tiro acidental na segunda guerra.
Pedra fundamental do Santuário de Santo Antônio, no ano de 1930. A foto foi datada por Halim Souki.

Em 1934 (19 de agosto) foi celebrada a primeira missa solene no Santuário ainda em construção.

Construção do Santuário na Rua São Paulo em 1935.
Carro de boi usado no transporte de madeira para obra. Foto de 1935.
Construção da torre dos sinos.
Altar provisório em 1934.
Interior do Santuário em 1937, sem o forro do teto e sem os afrescos.
Altar da igreja após conclusão da construção.

Em 1945 (1º. de janeiro) tomou posse o primeiro vigário da Paróquia de Santo Antônio, Frei Meleto Geeve, que também foi nomeado vigário encarregado da Paróquia Divino Espírito Santo

Dona Naná, esposa do Sr.jésus do foto Hauff.
Santuário de Santo Antônio

A casa paroquial e o colégio dos padres.
Outra foto da casa paroquial e do colégio dos padres.

O Convento original  cujas linhas   arquitetônicas encantavam a todos foi   demolido  na  década  de  60 devido a graves problemas em sua estrutura.


A sede da FAFID onde era a casa paroquial e o novo prédio construido no lugar do colégio dos padres (que  atualmente abriga a Biblioteca Provincial dos Franciscanos e o Centro Ecumênico de Formação e Espiritualidade -CEFESP-).
Franciscanos de Divinópolis

Dentre os frades que  estudaram  no convento de Divinópolis citamos o cardeal Aloísio Lorscheider

Em 1944 veio para o Convento Santo Antônio onde terminou o curso de Filosofia e fez o curso de Teologia.
Em 22 de agosto de 1948 foi ordenado sacerdote aqui em Divinópolis.
Foi bispo de Santo Ângelo (RS), secretário¬geral e, depois, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal arcebispo de Fortaleza (CE) e, em seguida, cardeal arcebispo de Aparecida (SP)
Dom Aloísio Lorscheider faleceu no dia 23 de dezembro de 2007.

Usina Gravatá

Construção da Usina Gravatá.
Mandiocas no pátio da Usina para a fabricação de álcool.
Foto do telhado da Usina do Gravatá. Ao lado passava a bitolinha do Sertão.
Usina Gravatá

A primeira usina de combustível renovável da América Latina foi contruída pelo governo de Minas Gerais em Divinópolis no ano de 1932 às margens do Rio Itapecerica e perto da ponte do Niterói.
A usina foi a primeira a produzir álcool de mandioca na América Latina.

A usina foi projetada por Antônio Gonçalves Gravatá que também construiu o obelisco da Praça Sete e a Estação Ferroviária de Belo Horizonte.

A Usina contava com acesso à ferrovia para escoamento da produção. A segunda foto mostra uma Maria Fumaça ao lado da Usina.
Foto tirada na Praca da Estação. Alcindo Villano (Lito), transportando mandioca para a Usina do Gravatá, em 1958.

Com a chegada da produção de álcool a partir da cana-de-açúcar, que era mais eficiente que a da mandioca, a usina entrou em crise e deixou de produzir o combustível.

Em 1959 a usina foi restaurada e adaptada para novos processos de fabricação.

Nos anos de 1960 serviu como depósito de produtos agrícolas até ser abandonada mais tarde.

Setembro/1988 – Coleção Edite Silva

Em reconhecimento a sua importância para a história da cidade, a Usina Gravatá foi tombada no âmbito municipal em 1988.

Restauração da Usina

Em 2007 a Usina Gravatá passou a ser o Teatro Municipal Usina Gravatá.

Ponte do Niteroi

Reinado passando na ponte de madeira do rio Itapecerica em 1929. Esta ponte foi construída em 1912. Havia uma anterior construída pelo capitão Domingos Francisco Gontijo em 1851 e que no ano de 1906 foi arrastada pela enchente do rio e logo reformada. Em 1939 foi construída ao lado a ponte de concreto.
Enchente do rio Itapecerica, na década de 1930. Autoria de Halim Souki. Observa-se ao fundo o Bairro Niterói. Na parte inferior da fotografia, pode-se observar a ponte de madeira sobre o Rio Itapecerica e o telhado da Casa Oriente, de Halim Souki.
As duas pontes.
1939 – Construção da ponte de concreto armado no Niterói.
1940 – Começa a transitar regularmente a linha de ônibus Divinópolis/Belo Horizonte.
As lavadeiras no Rio Itapecerica.
Um Chevrolet Sedan  1935 acompanhado de 3 ciclistas atravessam a ponte de concreto.
A ponte do Niterói, o Pontilhão da ferrovia e a ponte do Porto Velho.
Enchente do rio Itapecerica

Praça da Estação

Em 1916 foi inaugurada a nova Estação Ferroviária de Divinópolis entre as Ruas São Paulo e Rio de Janeiro e desativada a anterior construída no final da Rua do Comércio.

No mesmo ano (1916) foi inaugurado o Grande Hotel na Rua Rio de Janeiro com Av. Ipiranga (atual Av. Getúlio Vargas). Ao lado temos o Hotel Machado.

O prefeito Antônio Gonçalves de Mattos construiu os jardins da praça da estação.

Em 1939 a Praça foi denominada Benjamim Constant.

Desfile de 7 de Setembro de 1941 na Praça da Estação.
Prédios no entorno:
1) Residência do Agente da Estação,
2) Residência do Sr. Licínio Notini (Cinico) pai do ex-prefeito Fábio Notini e proprietário da Usina São José que fornecia energia elétrica para a cidade.
3) Residência e farmácia do Sr. Pedro X. Gontijo,
4, 5 e 6) Propriedades de Tirésio Mendes Mourão
(Fábrica de macarrão “Vera Cruz”, residência e comércio).
A praça era carinhosamente chamada de “jardins”.
Do outro lado da praça vemos o Grande Hotel. Data 05/01/1951
Estação Ferroviária a direita
Repuxo (jato d’água) do lado da Rua São Paulo, coreto do lado da Rio de Janeiro, e bancos em volta. A Praça da Estação era um lugar bastante aprazível e relaxante.
No fundo vemos a residência do Sr. Cinico Notini
Normalistas junto ao repuxo.
O coreto.
7 de setembro de 1946 – Ato cívico anterior à parada. Carlos Altivo, o maior orador da cidade, discursa para os participantes, especialmente para os alunos do Ginásio São Geraldo, dentre os quais aparecem Pedro Ameno e Altamiro Santos.
CONSTRUÇÃO DA RODOVIÁRIA DE DIVINÓPOLIS NA PÇA PEDRO X. GONTIJO. DA ESQUERDA PARA A DIREITA: VICENTE MESQUITA, LUIS FERNANDES DE SOUSA, DR. SEBASTIÃO GOMES GUIMARÃES, VIDICO. ANO: 1960
Em 1962 a Praça da Estação foi desconfigurada e deixou de ser um local de lazer: nela foi construída a rodoviária. E posteriormente, na parte superior do prédio, foi instalada a Prefeitura Municipal.
A antiga estação rodoviária.
Prefeitura Municipal
rodoviária antiga.
Um cavaleiro na rodoviária.

Em 1976 a Praça Benjamim Constant teve o nome alterado para Praça Pedro X. Gontijo.

Em 1996 o terminal rodoviário foi transferido para a Av. JK.

Em 2000 o prédio que foi o Grande Hotel, sede do Grupo Escolar Miguel Couto, e por último Hotel Sao José, foi demolido. No local construiram o edifício do Centro Médico Odontológico.

Em junho de 2000 foi inaugurado o Pronto Socorro Regional no prédio da antiga rodoviária após reforma estrutural do mesmo.

Cinemas

Recorte da edição especial do Jornal “a semana” de 01/06/1971.

Cinema começou com luz de carboreto

A base de luz de carboreto, João Vianna de Oliveira exibia no Largo da Matriz (uma vez por semana) os primeiros filmes mudos. O tempo era de 1914 e uma orquestra acompanhava as fitas de Valentino, Chaplin ou das comédias de Mack Sennett.

1914: É instalado o primeiro cinema na Praça do Mercado, da firma “Viana & Viana”.

“O Garoto”  filme mudo lançado em 1921 dirigido e estrelado por Charles Chaplin.

Na década de 20, vieram dois cinemas no centro da cidade: o “Cine Avenida” na esquina da Avenida de Junho com Rua Rio de Janeiro cuja firma responsável era Pedro Vicente & Ségur e o “Cinema Divinópolis” que era do empresário Frederico Guimarães. A Orquestra do Bigode fazia o fundo musical no “Cinema Divinópolis”, pois os filmes ainda eram mudos.

Esses dois cinemas também ofereciam espetáculos de variedades e de teatro e já havia luz elétrica na cidade. Nessa época, o público se deliciava com os Irmãos Marx, Harold Lloyd, O Gordo e o Magro.

Oliver Hardy e Stan Laurel em O Gordo e o Magro.

Em 1938 Rachid Souki e sócios inauguraram o Cine Teatro Alhambra na Av. Primeiro de Junho. Segundo José Valério a inauguração foi no primeiro sábado após o carnaval: 05/03/1938. Os filmes eram sonoros ou mudos com orquestra completando o ambiente.

Trabalhadores na construção do Cine Alhambra, na década de 1940, localizado na Avenida Primeiro de Junho, esquina com Rua São Paulo. Propriedade de Rachid Souki e filhos. Foto original de Halim Souki.

Desfile de 7 de setembro de 1941 na Av. primeiro de Junho esquina com Rua São Paulo, em frente ao Cine Teatro Alhambra.

Clarck Gable e Vivien Leigh em “E o Vento Levou” de 1939, o primeiro colorido a ganhar o Oscar de melhor fime.

Em 1946 os franciscanos, preocupados com a influência das produções hollywoodianas no comportamento dos jovens, resolveram oferecer um cinema com conteúdo mais apurado. Havia uma seleção prévia dos filmes preocupada com o fundo moral e os valores universais. Surge assim, o “Cine Teatro Santo Antônio”. O Cine funcionava na Rua Minas Gerais, 593, onde já havia o prédio da Casa Santo Antônio. No “Cine Teatro Santo Antônio” também se apresentavam os grupos teatrais da paróquia.

CINE TEATRO “SANTO ANTONIO”

HAIDÉE FONSECA SANTOS

Finalmente chégára o mês de Agosto! E com ele, também, mais alegria para os corações daque les que, ansiosos, esperavam pela estréia do novo e moderno Cine Teatro Santo Antonio! Foi no dia 11, num domingo alegre e feliz!

Por toda parte só se ouvia falar na estréia do Cinema.

Em cada semblante se notava a alegria de to dos.

Já às 18 horas, nas duas bilheterias, duas enormes filas desciam a rua Minas Gerais, que é onde se acha situado o majestoso prédio.

Os que tiveram sorte, entraram. Mas… muitos e muitos voltaram com “água na boca” pois vedaram as entradas. O Cinema, que comporta para mais de mil pessoas, estava superlotado! .

Às 10 horas, foi dada a benção do prédio pelo Vigário Revmo. Padre Frei Carlos, que, logo em seguida, pronunciou um belo discurso, tendo sido vivamente aplaudido.

Seguiu-se o início da primeira sessão. Além de “trailers”, Jornais e um pequeno filme “Romance no Mississipe”, foi levada a grande produção cinematográfica “O Sinal da Cruz”.

Este filme, que obteve grande sucesso, foi exibido três dias em programa de estréia.

ATLANTIDA Setembro de 1946

Prédio da Casa Santo Antônio. Em 1955 passou a sediar o Grupo Escolar “Joaquim Nabuco”. Em 1970 a Escola Estadual “Joaquim Nabuco” foi para o antigo predio do Grupo Escolar Matias Lobato na Av. Primeiro de Junho, 570. Hoje o prédio na Rua Minas Gerais 593 é sede do Colégio “Roberto Carneiro”

Itagiba de Sousa fundou em 1947 (1948) o Cine Teatro Divinópolis. Foi o primeiro cinema de gala da cidade que exigia traje a rigor. Com área de 1.000 metros quadrados, 900 poltronas e projeções planas, panorâmicas e cinemascope.

Campinho na Rua São Paulo onde foi construído o Cine Divinópolis.
Inauguração do Cine Divinópolis.Sr. Itagiba de Souza fazendo um discurso rodeado de autoridades e amigos.
Sr. Jovelino Rabelo (atrás do militar), o repórter José Fernandes segurando o microfone, o deputado federal Benedito Valadares
Itagiba de Sousa e outros na porta do Cine Divinópolis.
Cine Divinópolis – Rua São Paulo.
Uma das primeiras sessões do Cine Divinópolis. Foto foi obtida a partir da varanda da casa de Halim Souki. Ao lado esquerdo o Jardim de Infância Municipal – atualmente sede do Divinópolis Clube. Filme anunciado: “De ilusão também se vive” de 1947.
Sala de espera do Cine Divinópolis. Julho de/1950

Em 1948 Rachid Souki e filhos mudaram para a Venezuela vendendo o prédio do Cine Alhambra para Halim Souki Primo, que encerrou as atividades do cinema. O cinema foi reformado e tornou-se o Bazar Divinópolis. Hoje no lugar funciona uma drogaria.

O Cine Alhambra foi demolido más parte do prédio onde funcionava o bar “Vem cá brotinho” na esquina com a Rua São Paulo permaneceu sem reforma.

O Cine Popular foi concluído em 1950 e tinha 1.200 m2 com 1.800 poltronas. O equipamento de som era um dos maiores da cidade. Projeções planas, panorâmicas e cinemascope. Fundador: Sebastião Pardini./

Exposição industrial de Divinópolis no no Cine Popular, ainda inacabado, em 1950.
Cine Popular na Avenida 1° de Junho, 932.

Cine Arte Ideal: Inaugurado em 1958 sob a direcão de Waldemar da Silva Melo e Geraldo de Oliveira com área de 1.200 m2 e duas mil poltronas. Foi o primeiro a receber diretamente o sistema cinemascope.

Cine Arte – Rua Goiás, 361, inaugurado em 1958.

A “Empresa Pardini” incorporou ao Cine Popular, o Cine Teatro Divinópolis e o Cine Arte Ideal e por muitos anos foi proprietária de três cinemas na cidade.

Cine Alhambra da Av. Independência: foi o mais moderno da cidade, com aparelhagem de projecão de 35 e 70 mm (superama) e seis faixas de som estereofônico. Propriedade de Acácio de Oliveira (genro de Rachid Souki, que construiu o primeiro na Av. 1o. de Junho) e Munir Souki. Tinha 1200 metros quadrados de área e 1200 poltronas. Data da Fundação: 29 de fevereiro do 1968.

Cine Alhambra na Avenida Independência, 450. Inaugurado em 29/02/1968 com o filme “Dr. Jivago”.
Frei Bonifácio, Ordem dos Frades Menores, Cine Clube Humberto
Julie Christie e Omar Sharif em “Dr. Jivago”, de 1965.
Interior do Cine Alhambra.


Foto: Desfile Tecidos Bangu (promotor do evento: Ivan Silva) Nas décadas de 60/70 os receptores de televisão se tornaram populares como mostra esta foto ilustrativa. Com a implantação e evolução da tecnologia de entretenimento áudio visual nos lares a frequência nos cinemas caiu drasticamente.

Com a queda de bilheteria o Cine Popular passou a exibir filmes pornograficos volta de 1970.

No lugar do Cine Arte foi construida a Igreja Universal do Reino de Deus.

Com a  popularidade da televisão e os recursos de transmissão dos celulares a bilheteria dos cinemas diminuiu muito tornando inviável a manutenção dos grandes cinemas.

O Cine Popular foi demolido e atualmente o terreno está sendo usado como estacionamento.

O Cine Divinópolis atualmente (2020) é a Casa de Baile Divinópolis.

Em 2004 o diretor do Cine Alhambra Euglacyr desligou os projetores do cinema pela última vez para o fechamento do espaço.

O prédio do Cine Alhambra continua como fora construido más com o cinema desativado.

Hoje Divinópolis conta com uma sala de projeção no Shopping Center Pátio Divinópolis.

Cine Ritz – Shopping Pátio Divinópolis

Praça Benedito Valadares

A área situada na Av. 21 de Abril entre as ruas São Paulo e Rio de Janeiro era denominada Praça da Liberdade.

Em 1924 a Municipalidade doou o terreno ao lado da praça entre as ruas Minas Gerais e Sao Paulo para a Ordem dos Frades Menores construirem o Colégio Seráfico e a Igreja matriz da Paróquia de Santo Antônio. Na época esse terreno era um matagal.

No ano seguinte, 1925, o colégio Seráfico foi inaugurado na Av. 21 de Abril com Rua Minas Gerais.

Também em 1925 foi inaugurado na praça da Liberdade o prédio do Forum e cadeia.

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O prédio do Fórum e cadeia inaugurado em 15/03/1925.

Neste prédio é que foi instalada a comarca de Divinópolis em 03/05/1936 criada pelo então governador Benedito Valadares. Nesta data a Praça da Liberdade foi renomeada para Praça Benedito Valadares e foi inaugurado o obelisco comemorativo em frente ao prédio do forum.

Benedito Valadares, governador de Minas Gerais, de 15 de dezembro de 1933 até 4 de novembro de 1945.

O prédio pertencia ao Estado. Nele funcionou também a Cadeia Pública, o destacamento da PM e a sede Tiro de Guerra.

Já o Santuário de Santo Antônio levou 25 anos para ser concluído (1949). Ainda inacabado teve sua primeira missa solene em 1937.

O Santuário e o Colégio Seráfico. O nome da cidade no telhado do Santuário é para a orientação dos pilotos de avião.
O Santuário e o monumento a Benedito Valadares (em frente ao forum e inaugurado em 03/05/1936 quando foi instalada a comarca de Divinópolis). Em 1963.
“A jardineira do Tide, apelido do saudoso prefeito Aristides Mendes Medeiros (1966/1967). Fazia o trajeto São Gonçalo a Divinópolis, onde havia embarque e desembarque na praça do santuário. Nesta foto Joaquim Mendes Medeiros ( de bigode) irmão de Tide , que foi o primeiro dono e seu auxiliar João Campos. Foto cedida por Matheus Medeiros, neto de Tide. …”
Esta jardineira foi o primeiro veículo de transporte da empresa Saliba, com o nome fantasia de Viação Beija Flor. Os que aparecem na fotografia junto à Jardineira são proprietários e funcionários da empresa. (Studio Roberto).
Ponto de embarque da Praça Benedito Valadares. ( anos 50)
Serginho, Celso (careca) Antônio Eustáquio (Surubim)Agachados: Último (Timinho), Nadinho, Maneca e Lila. Foto do início da década de 60.
Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração (INSSC) junto à praça na Rua Rio de Janeiro.

Foto tirada da torre do Santuário nos final da década de 1950 em direção à Praça da Matriz. Em 1950 Divinópolis tinha 33.438 habitantes (5.207 em 1920). A Catedral e o Mercado Municipal estavam em construção.

Tambem foi demolido na década de 1960 o Colégio dos Padres devido a problemas estruturais.

O novo prédio construido no lugar do colégio dos padres na esquina da Av. 21 de Abrl com Rua Minas Gerais..

1964: Fundação da FAFID, hoje UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais. 

Antônio Martins Guimarães hasteando a bandeira do Brasil em frente ao Grupo Escolar Padre Matias Lobato.
Em 1968 a sede do Grupo Escolar Padre Matias Lobato foi transferida da Av. 1o. de Junho para a Praça Benedito Valadares.
Dr. Aristides Salgado apresentando o projeto da praça..
A praça fase de acabamento.
Praça Benedito valadares no dia da inauguracao 28 de dezembro de 1968
Em 1968 a Praça Benedito Valadares foi remodelada com projeto do Dr. Aristides Salgado.
No dia 01/11/2019 o conjunto paisagístico da Praça Benedito Valadares foi tombado pela Prefeitura provisoriamente. E em definitivo em 30/11/2020.

FREI ORLANDO

Antônio Álvares da Silva nasceu em Morada Nova, Minas Gerais, em 13 de fevereiro de 1913. Ficando órfão com apenas 1 ano de idade foi adotado por família católica praticante. Sua passagem por Divinópolis começou no dia 5 de janeiro de 1925, aos 12 anos de idade, quando ingressou no Colégio Seráfico de Divinópolis, no antigo casarão, hoje Museu Histórico de Divinópolis, para fazer o Seminário Menor, ginásio e ensino fundamental, onde recebeu formação diversificada, esportiva e recreativa. Para terminar os estudos seguiu para a Holanda no dia 17 de fevereiro de 1931. Em 25 de outubro de 1936, já como frei Francisco Orlando, foi ordenado Diácomo no Santuário de Santo Antônio, em Divinópolis.  Em 24 de outubro de 1937, dois anos após seu regresso e com 24 anos, com a presença de todos seus irmãos, foi ordenado sacerdote franciscano também no Santuário de Santo Antônio, pelas mãos de dom Antônio dos Santos Cabral, arcebispo de Belo Horizonte.    
Após a ordenação, com 24 anos, passa a lecionar no Colégio de Santo Antônio, em São João Del Rey, criando, próximo a este colégio, a “Sopa dos Pobres” em outubro de 1942, com a ajuda de paroquianos, alimentando operários, moradores de rua e outros necessitados.

Em 31 de Agosto de 1942 o Brasil declara existência de um estado de guerra com as potências do eixo, iniciando preparativos para enviar pessoal, material e apoio para o continente europeu. 
Quando o comandante do 11º Regimento de Infantaria solicitou a indicação de um religioso para capelão militar ao Comissariado dos Franciscanos em São João del-Rei, Frei Orlando viu a oportunidade de concretizar o seu sonho de ser missionário sem fronteiras. Integrou-se, então, à FEB, e seguiu para a Europa em 22 de setembro de 1944.
Frei Orlando entre os soldados da FEB, no navio que os levava para a Itália. Ele está de óculos aqui na esquerda. Imagem do livro “Frei Orlando: o capelão que não voltou”, de Gentil Palhares
Missa realizada por Frei Orlando durante os combate na Itália (Fonte: AHEX). 

A Morte de Frei Orlando

Às vésperas da tomada de Monte Castello, durante uma visita à linha de frente, o jipe que transportava Frei Orlando atolou na lama. Um partisan (membro da resistência italiana) tentou desencalhar o jipe, batendo com o cabo do rifle em uma pedra. O rifle disparou, atingindo Frei Orlando que morreu vitimado por esse tiro acidental. Contava com 32 anos de idade naquele fatídico 20 de fevereiro de 1945 em Bombioana, Itália.

Pelo decreto nº 20680 de 28 de fevereiro de 1946, o Presidente da República Eurico Gaspar Dutra instituiu Frei Orlando como Patrono do Serviço de Assistência Religiosa do Exército Brasileiro